160
Quando olhamos em volta e reparamos que metade das coisas se foram embora, que tudo aquilo que nos mantinha vivos, em pé, com força e com garra para viver, foi por água abaixo, só conseguimos perguntar o porque de isto tudo ter acontecido se antes tudo nos unia, tudo nos mantinha próximos.. Pior, é quando vemos que afinal não foram embora mas que tudo mudou há medida que o tempo nos foi afastando, onde a esperança que nos restava (me resta) começa a profundar demasiado todas as memórias existentes, onde essa pequena esperança torna-se uma dor constante por nunca saber se algum dia isto dá uma volta de 360º e nos volta a unir. Há coisas.. que nem o tempo tem o poder de trazer de volta, por vezes temos de ser nós a querer que algo mude, mas não basta querer, é preciso lutar, acreditar e sim, um possível vencer. É nestes dias, onde estou de porta fechada no meu quarto, com as persianas encostadas, no meu silêncio, que a saudade bate à porta e está pronta para ficar..
154
E quando mais tento entender o que não é para ser entendido, mais sinto que não entendo nada e começo a ficar cansada desta vida. A vontade de arrancar esta dor que já não cabe dentro de mim é cada vez maior.. então, como não é possível arrancar esta dor insuportável tenho que me habituar que irei viver com ela até que isto tudo acabe e consiga confiar em mim de novo. Se todo o choro fosse o suficiente para libertar tudo o que vai dentro da alma.. já estava mais leve que nem uma folha..
150
Foi o momento mais intenso que vivi na minha vida, ali, naquele lugar onde nos encontrávamos tinha (tenho) toda a certeza que te amei (amo) com todos os poros que tenho no meu corpo. Fizeste-me (fazes-me) a pessoa mais feliz do mundo, só tu tens o poder de mexer e remexer comigo e com o meu coração de uma maneira descontroladora. Quero-te, preciso de ti!
142
«Somos o avesso um do outro. Quando duvidas, paras, e eu sigo em frente. Quando tens medo, eu tenho vontade; quando sonhas, eu pego nos teus sonhos e torno-os realidade, quando te entristeces, fechas-te numa concha e eu choro para o mundo; quando não sabes o que queres, esperas e eu escolho; quando alguém te empurra, tu foges e eu deixo-me ir. Somos o avesso um do outro: iguais por fora, o contrário por dentro. Tu proteges-me, acalmas-me, ouves-me e ajudas-me a parar. Eu puxo por ti, sacudo-te e ajudo-te a avançar. Como duas metades teimosas, vivemos de costas voltadas um para o outro, eu sempre à espera que tu te vires e me abraces, e tu sempre à espera que a vida te traga um sinal, te aponte um caminho e escolha por ti o que não és capaz.»
Acho que nunca encontrei tal texto capaz de nos caracterizar tanto.
141
Dava tudo de mim, para hoje ter um abraço teu. Eu dava tudo, dava tudo para que hoje estivesses ao meu lado e me fizesses feliz, tal como da primeira vez -lembraste? Acredita, eu dava tudo para seres meu. Dava.. agora não sei se dou mais. Quero mudar de vida.. de rumo, de cidade.
139
Estou farta, estou cansada, estou angustiada, estou desanimada, estou triste, estou no mais fundo do mundo e mais longe da vida. Odeio-me por me ter tornado neste monstro.. num monstro que nem eu consigo definir. Tornei-me fria, arrogante.. tornei-me num ser desconhecido, há procura de algo desconhecido. Odeio ter-me tornado assim, odeio. Odeio ser quem sou e odeio magoar-me a mim própria. Odeio. Cheguei ao limite das forças.. não há mais, não há mais por onde medir, nem muito menos.. esconder, esconder aquilo que escondi durante imenso tempo. Vem descontrolo emocional.. vem, obrigada por teres voltado. Precisava mesmo agora de chorar, obrigada!
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